domingo, agosto 28, 2011

maquina de escrever;

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Pode parecer estranho, mas eu não gosto de sábado. Principalmente das suas madrugadas secas. Quer dizer, não é que não gosto. Apenas não o entendo da forma tradicional. Gosto de outra maneira. Tenho sábados solitários. Prefiro ficar em casa. Ler, estudar, escrever. Há um estado melancólico no quarto. O telefone toca. Diversas vezes. E eu, o silencio. As pessoas são vidradas em sábados noturnos. Não respeitam a minha necessidade de solidão. De confinamento. De pausa. É tão calmo estar entre as cobertas, comendo algo ou tomando uma dose. Parece que a vida se cala nessas noites. E como se eu estivesse sozinha no mundo. Sem família, amores, pendências. E como se eu me encontrasse pra bater papo. Ou encontrasse alguém, um sábio, nas linhas do autor escolhido pra noite. Hoje, faço amor delicado com o Húngaro. De verdade, Sándor Márai. Ele me doutrina sobre amor, solidão e dinheiro. E eu abro as minhas pernas e sorvo a sua literatura. Deixo aqui parte, das palavras que ele sussurra no meu ouvido:

Um dia despertei, sentei na cama e sorri. Nada mais doía. E de súbito compreendi que não existia mulher de verdade. Nem na terra nem no céu. Não existe em lugar algum, aquela. Existem apenas pessoas, e em todas há um grão da verdadeira, e nenhuma delas tem o que do outro nós esperamos e desejamos.

quarta-feira, agosto 24, 2011

Novo Layout


O que mais me fascina na fotografia é a possibilidade do fotógrafo de captar alguns instantes de alma daquele outro corpo que se expõe. Existe milhões de cursos, técnicas e afins. Mas nada substitui a sensibilidade. Acho que é o caso das fotos do novo layout. As lentes de Diego Bressani engoliu a minha alma na fresta dessa parede. Na verdade, acho que ele é um engolidor de almas, principalmente quando passeio pelo blog dele. Bom, é isso. Fica a dica: http://diegobresani.wordpress.com/

Por duas vezes.

Hoje, eu pensei em você. Não queria. Mas pensei. Por duas vezes. A primeira, eu estava dirigindo, indo para o trabalho, passando perto do Iate. Você veio na minha cabeça. Um acordo de paz. Cogitei mandar um e-mail, um livro. Contar as peculiaridades, as bobagens diárias. Tentar explicar que o meu silêncio não era por falta de amor, mas por falta de coragem. Que eu não te odiava, que entendia as suas razões, mesmo sem aceitá-las. Que poderia ser eu, a culpada. Mesmo que essa palavra culpa fosse apenas um conceito cristão; Desculpa para indisponibilidade de aceitarmos os limites. Talvez, eu que fosse covarde. Fraca. Indisponível. De qualquer maneira, hoje, me permitia pensar em você. Pela primeira vez, desde a despedida. Ter saudade. Lembrar do gosto, do cheiro. De uma dança no meio da esplanada, enquanto eu vestia um chapéu marrom. E também da couraça que o seu corpo adquiriu, em poucos meses, sem a minha leveza. Dos seus olhos que ficaram opacos. Da impossibilidade de mudar o seu presente. Tive pena de você. Quis te pegar no colo, mostrar o caminho certo. Eu poderia te salvar da mesmice, aplicar um “ideal” qualquer, devolver o brilho. Ai, nesse momento, eu tive pena de mim. Pelo meu ego gigantesco. Pelo meu instinto maternal. Por pensar ainda, por duas vezes, em você. 

segunda-feira, agosto 15, 2011

domingo, agosto 14, 2011

Enfim, o prefácio!

Cinco anos. É a idade do blog entreaberta. Um espaço virtual de construção diária: fantasias quase verídicas, realidade manipulada, compartilhamento com desconhecidos íntimos. É o meu mundinho egoísta. Uma fresta. A minha fresta. Com a porta entreaberta. Entra quem quer. Quem se faz parte necessária. Quem entende o valor do perecível. Aqueles que a encontram em madrugadas frias, que sentem a dor de sábado na frente do computador.

Um blog é frágil. Agrega a covardia também. Basta clicar no botão, e extermino todas as partes. Viro lembrança, página não encontrada. Eu apago a poeta que existia ali. Assumir um livro é outro passo. É estar na prateleira, etiquetada, embalada pra presente. É se por à prova. Tatuar letras permanentes. Imprimir uma parte de si. A parte escolhida. Marcar o tempo que passou. É ser palavra sem prazo de validade. Assumir os erros poéticos. Aceitar o receio do olhar perante a pele marcada. É ter coragem imbuída nas entranhas. Aprovar os seus defeitos na frente do espelho. É assumir um casamento até o fim.

Esse livro é uma soma de textos publicados no blog, de comentários dos leitores, de stencils pintados nas tesourinhas, de cenas e músicas criadas para o espetáculo Poéticas Urbanas. Está tudo misturado nas páginas seguintes. A cidade, o amor líquido e o feminino. São mulheres passageiras de um inferno particular. Poesias transformadas em cenas ocupam as ruas desertas. Aqui, tudo é romance, Brasília é poesia concreta.

sábado, agosto 13, 2011

quando os sonhos se realizam...


Ontem, enquanto terminava de arrumar a sede da ANDAIME Cia de Teatro, meus olhos derramaram. Depois de três dias, com a mão na massa, na tinta, na furadeira... enfim, está quase tudo pronto. Nosso cantinho desenhado por várias mãos. As cores espalhadas, o gosto da conquista. Sabe quando você chora de felicidade? Eu sentada, sozinha, escutando Amy, com uma Heineken na mão (ainda suja de tinta vermelha), com um sorriso sincero no rosto. Logo, eu lembrei do meu primeiro grupo de teatro, quando eu tinha 8 anos de idade. Durante 4 anos, eu encenava peças para os vizinhos. Dirigia, coordenava, interpretava. Tinha certeza que  esse seria o meu trabalho, a minha vida. A minha mãe incentivava a minha brincadeira, apesar de não levar a sério e querer uma filha médica. Mas EU LEVEI A SÉRIO. Sou idealista, romântica, sonhadora e tenho uma força do caralho. Tinha certeza que era possível, que era real. Quando há comprometimento, nenhuma barreira é grande o bastante. Coloquei fermento, acreditei no trabalho. E enquanto as amiguinhas, traçavam as possíveis festas de casamento, eu desenhava o tal grupo de teatro. Criança teimosa é uma merda, né? Elas são capazes do inacreditável. Parece que eu cresci, mas não se esgotou a vontade de brincar. Veio a UNB, um curso de nutrição abandonado, a licenciatura, o quase desistir, uma proposta de casamento, a literatura pra curar, a escolha pelo teatro e na reta final do curso, o encontro com outros sonhadores. Cinco anos de ralação, falta de grana e conselhos sobre concursos públicos. "Se continuar assim, você nunca vai poder se sustentar, casar, ter filhos, ser alguém, uma pessoa normal.  Ainda mais fumando maconha, meu deus. O que eu fiz pra merecer isso? Foto pelada na internet, pornografia escrita. Você pode ser presa se continuar pixando os muros, sabia? Você é muito ingênua mesmo. Será que você não vai sair da adolescência nunca?". O Leminski disse que sairia com setenta, mas ainda bem que ele morreu de cirrose aos 44 anos. Lorca afirmou que a vida é sonho. Os Mutantes cantam que as pessoas da sala de jantar estão ocupadas (APENAS) em nascer e morrer. Ainda bem que a minha adolescência não passou, que eu acredito em amores eternos, na fidelidade, no sonho, em arriscar de novo, em mudar o mundo. Porque a vida sem floreios/ideologias é inútil. Uma pena que algumas pessoas  só saberão disso, quando estiverem numa cama, com a piedade dos parentes ao lado e gastando a sua pequena "fortuna" acumulada em dias entediantes. Se você é uma dessas ou não, aproveite pra ver o por do sol hoje, escutando um bom jazz. A vida é agora, baby.  =]


um beijo longo.