terça-feira, março 23, 2010

sábado, março 20, 2010


Numa atitude libertária, ela assopra. Doa teus pedaços para o mundo. Redondas, embaladas para presente. Sem se preocupar com o endereço certo, ela acredita que devem espalhar qualquer beleza necessária para a tua cidade cinza. Sim, é preciso, antes de tudo, colorir. Não só de uma cor, mas com todas as nuances da palheta. Com uma transparecia onírica. Pequenos arco-íris particulares. Gentilezas, apenas elas, para presentear o acaso e explodir algumas vidas por ai.
Sou o rasgo atemporal, a poeta não publicada. Algo que não se explica, nem se gesticula. Efêmera, desnecessária. Alguma coisa esquecida quando se faz a bagagem pra muito longe. Apenas isso: lembrança. Estou aberta, escancarada. Não pela dor que vem de ontem, mas por esse sangramento secular. Ele está estampado em cada olhar feminino nas noites de lua nova. Onde está aquela mão que me ofereceu abrigo? Cadê o peito que era a minha morada? Sou passageira de um inferno particular. Uma dor sem adjetivos. Ninguém pode medir as lágrimas disfarçadas de chuva. Eu perdi o meu sorriso quando tudo desmoronou. Não havia cama, lençóis ou paredes. Sou um corpo exausto de tantas expectativas que submergiram para um lugar desprezível. O que eu posso fazer perante esse mundo? Tomar dez doses de cachaça, duas garrafas de champanhe? Eu ainda não encontrei a porta para o paraíso. E para falar a verdade, eu nem creio que ela exista.

segunda-feira, março 15, 2010

quinta-feira, março 11, 2010

terça-feira, março 09, 2010


Falta pouco, muito pouco para cobra fumar. Então já é bom começar a divulgar o blog, o projeto, os vídeos, as oficinas e as apresentações. Serpentes que fumam é o novo trabalho da Andaime Cia de Teatro. Durante meses a fio, estamos “programando” maneiras alternativas de pensar a arte contemporânea e o teatro pós-dramático com o objetivo de elaborar ações performativas (programas) onde os artistas e o público possam vivenciar algo inusitado, fora do padrão, diferente do hábito.

A ação torna-se a própria dramaturgia aberta e os artistas se pré-dispõem a experimentar, junto com o público, uma experiência sempre nova a cada programa. Para acompanhar a pesquisa, a agenda e todos os outros afins do projeto, deve acessar o nosso blog.


Apareçam, comentem, sejam bem vindos! =]

segunda-feira, março 08, 2010

Ela gostava da estante branca. E pela quantidade de livros, desconfiava que o dono legítimo do quarto fosse um bom escritor. Às vezes, quando teu amor saia para fazer café, ela corria e escolhia um livro. Abria páginas ao acaso. E como por milagre, só lia palavras belas. Os gozos vivenciados no quarto já eram poemas na estante. O romance estava escrito em pequenos pedaços existentes. A literatura havia predestinado aquele encontro. Talvez por ele, ser uma vogal e ela ser uma consoante. Deveriam, a partir de agora, andarem juntos. Unidos, inseparáveis. Uma sílaba presente em todas as marchinhas de carnaval.